Debates pós-COP 30 impulsionam busca por infraestrutura sustentável em região de forte expansão demográfica
A Grande Florianópolis, uma das regiões metropolitanas que registrou o maior crescimento populacional do Brasil entre 2024 e 2025, conforme dados recentes, enfrenta um desafio crítico em sua infraestrutura de saneamento básico. Reconhecida atualmente como a área com os piores índices de tratamento de esgoto em Santa Catarina, a busca por alternativas eficientes e sustentáveis tem se intensificado. Um modelo que ganha destaque é o sistema de esgotamento compacto, apontado por especialistas como uma potencial solução para o cenário local. As discussões sobre essa e outras abordagens alinhadas à sustentabilidade têm sido pautas contínuas, seguindo os debates iniciados na COP 30, a Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima.
- Debates pós-COP 30 impulsionam busca por infraestrutura sustentável em região de forte expansão demográfica
- O que é o esgotamento compacto e como ele se encaixa na realidade local
- Desafios e urgência do saneamento na Grande Florianópolis
- Crescimento demográfico e a pressão sobre a infraestrutura
- O legado da COP 30 e o futuro das soluções sustentáveis
A preocupação com o saneamento na região metropolitana da capital catarinense não é recente. A falta de cobertura adequada e a ineficiência dos sistemas existentes impactam diretamente a qualidade de vida da população e a saúde dos ecossistemas locais, especialmente a rica malha hídrica de Florianópolis, incluindo suas praias, lagoas e mangues. O crescimento acelerado, impulsionado pela atratividade econômica e turística, sobrecarrega ainda mais uma infraestrutura que já se mostrava defasada. Nesse contexto, o esgotamento compacto surge como uma inovação promissora.
O que é o esgotamento compacto e como ele se encaixa na realidade local
O conceito de esgotamento compacto refere-se a sistemas de tratamento de esgoto que utilizam tecnologias avançadas para otimizar o espaço físico e a eficiência do processo. Diferentemente das grandes estações de tratamento convencionais, que demandam vastas áreas para sua instalação e podem gerar altos custos operacionais, os sistemas compactos são projetados para serem mais ágeis, com menor impacto ambiental e, muitas vezes, mais adequados para áreas urbanas densas ou em expansão acelerada, como é o caso da Grande Florianópolis. Eles podem incluir módulos de tratamento pré-fabricados, tecnologias de membrana, reatores anaeróbios de fluxo ascendente (RAFA) ou outras soluções integradas que intensificam o tratamento em menor volume.
A adoção de tecnologias de esgotamento compacto oferece uma série de vantagens. Entre elas, destacam-se a redução do tempo de construção, a diminuição da área ocupada, a flexibilidade de implantação em diferentes tipos de terrenos e, em muitos casos, a possibilidade de reuso da água tratada para fins não potáveis, como irrigação ou limpeza urbana. Para uma região como a Grande Florianópolis, caracterizada por áreas de preservação ambiental, relevo acidentado e a presença de ecossistemas sensíveis, a capacidade de instalar infraestruturas menos invasivas e mais adaptáveis é um diferencial significativo.
Desafios e urgência do saneamento na Grande Florianópolis
O cenário do saneamento básico em Santa Catarina, e especificamente na Grande Florianópolis, tem sido alvo de constantes debates e críticas. De acordo com o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), os índices de coleta e tratamento de esgoto na região estão abaixo da média nacional e das metas estabelecidas pelo Novo Marco Legal do Saneamento Básico (Lei nº 14.026/2020), que prevê a universalização dos serviços até 2033. Esse déficit acarreta graves consequências, como a poluição de rios, córregos e praias, o que afeta diretamente o turismo, principal motor econômico de muitas cidades da região, e a saúde pública, com o aumento de doenças de veiculação hídrica.
A Lagoa da Conceição, por exemplo, um dos cartões-postais de Florianópolis, frequentemente sofre com episódios de contaminação por esgoto, resultando em interdições e prejuízos ambientais e econômicos. O crescimento desordenado e a ocupação de áreas irregulares sem a devida infraestrutura de saneamento agravam o problema, tornando a situação mais complexa e urgente. Diante desse quadro, a busca por soluções inovadoras e que possam ser implementadas em ritmo acelerado é fundamental.
“A situação do saneamento em nossa região é um gargalo histórico que precisa ser superado com urgência e inteligência. Não podemos mais adotar as mesmas estratégias do passado. O esgotamento compacto é uma das tecnologias que nos permite pensar em soluções mais eficientes, rápidas e que respeitem a complexidade ambiental de Florianópolis e suas cidades vizinhas”, afirmou a Secretária Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano, Ana Paula Silveira, em recente evento sobre urbanismo sustentável.
Crescimento demográfico e a pressão sobre a infraestrutura
A Região Metropolitana da Grande Florianópolis abrange diversos municípios, como São José, Palhoça, Biguaçu e Governador Celso Ramos, além da capital. Esta conurbação tem sido um polo de atração populacional nos últimos anos, impulsionada por fatores como qualidade de vida, oportunidades de trabalho e beleza natural. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) tem monitorado esse avanço, que coloca a região entre as que mais crescem no país.
Um aumento tão expressivo da população gera uma demanda igualmente alta por serviços essenciais, incluindo água potável, coleta de resíduos e, primordialmente, saneamento básico. Se a infraestrutura não acompanha essa expansão, o resultado é a deterioração da qualidade dos serviços e, consequentemente, do ambiente urbano e natural. A discussão sobre esgotamento compacto, portanto, não é apenas uma questão tecnológica, mas uma necessidade premente para garantir um desenvolvimento urbano equilibrado e sustentável.
“Nosso crescimento é um ativo, mas também um desafio. Precisamos transformar a expansão demográfica em oportunidade para construir cidades mais resilientes e sustentáveis. Isso passa, inevitavelmente, por um planejamento de saneamento que seja tão moderno quanto o ritmo de vida que oferecemos”, comentou o presidente da Câmara de Desenvolvimento Regional, Dr. Roberto Carlos Almeida, em painel recente.
O legado da COP 30 e o futuro das soluções sustentáveis
As discussões que continuaram a partir da COP 30 – que terá sua sede em Belém, no Pará, em 2025 – trouxeram à tona a importância de integrar as agendas climática e de desenvolvimento urbano. A conferência global foca na busca por soluções para mitigar os efeitos das mudanças climáticas e adaptar as cidades a novos cenários, e a infraestrutura de saneamento é um pilar essencial nesse debate. Sistemas de tratamento de esgoto eficientes contribuem não só para a saúde pública e ambiental, mas também para a resiliência das cidades diante de eventos extremos, como fortes chuvas e inundações, que podem ser agravados por um saneamento precário.
O conceito de “soluções sustentáveis” defendido nos fóruns internacionais, como a COP 30, transcende a mera implementação de novas tecnologias. Ele engloba a gestão integrada dos recursos hídricos, a educação ambiental, a participação comunitária e a busca por modelos de financiamento que garantam a perenidade dos projetos. No contexto do esgotamento compacto, isso significa não apenas instalar os equipamentos, mas também assegurar sua operação e manutenção adequadas, além de envolver a população na conscientização sobre o uso racional da água e a importância do tratamento de esgoto.
A Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (CASAN), responsável por grande parte dos serviços na região, tem sinalizado interesse em explorar novas tecnologias e parcerias para acelerar a universalização do saneamento. A perspectiva é que a inovação, aliada a um planejamento estratégico robusto, possa reverter o quadro atual e transformar a Grande Florianópolis em um modelo de desenvolvimento sustentável para outras regiões metropolitanas do país.
A integração de esgotamento compacto em um plano maior de desenvolvimento urbano sustentável para a Grande Florianópolis pode ser a chave para garantir que o crescimento demográfico da região seja acompanhado por uma melhoria significativa na qualidade de vida de seus habitantes e na preservação de seus valiosos recursos naturais. A continuidade dos diálogos iniciados em eventos como a COP 30 é fundamental para catalisar as mudanças necessárias e para que a região não apenas alcance, mas supere os desafios do saneamento no futuro próximo.
