O xadrez político e as velhas manobras em Brasília
A semana política tem se desenrolado em um ritmo que mescla a urgência de questões econômicas com as intrigas e manobras características do poder em Brasília. Em um cenário de constantes articulações, observamos o presidente Lula da Silva e o presidente da Câmara, Arthur Lira, mergulhados em intensas negociações. A pauta central é a Medida Provisória que altera o PIS/Cofins, um tema que, à primeira vista técnico, revela a fragilidade da articulação governamental e o peso do Congresso Nacional sobre as decisões econômicas que afetam diretamente o setor produtivo. A tentativa de resolver impasses fiscais via MP, sem um diálogo prévio robusto, é um sintoma de um governo que ainda busca se encontrar na relação com o mercado e com as bases parlamentares.
O custo da improvisação e a reforma tributária
A discussão em torno da MP do PIS/Cofins se entrelaça com o debate sobre a reforma tributária, ambos cruciais para a estabilidade econômica do país. A interlocução entre Lula e Lira se mostra indispensável, evidenciando que o Congresso é um ator fundamental na moderação de impulsos governamentais que possam desorganizar a economia. Do ponto de vista de uma direita responsável, a preocupação reside na contínua interferência estatal sobre a carga tributária, que, muitas vezes, penaliza a iniciativa privada e desestimula investimentos. A busca por soluções fiscais deve priorizar a simplificação e a redução do fardo sobre quem produz, e não a mera realocação ou, pior, o aumento de impostos que, no fim das contas, recaem sobre o contribuinte e o consumidor. As negociações atuais são um termômetro da capacidade do governo em construir pontes com o setor produtivo e com o parlamento, em vez de impor agendas que podem gerar instabilidade.
A ascensão da oposição e a estratégia de esvaziamento
Paralelamente às questões econômicas, o jogo político se intensifica na arena da sucessão presidencial. É notória a estratégia governamental de tentar “esvaziar” figuras da oposição com crescente popularidade, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Observar o Palácio do Planalto direcionar seus esforços para descreditar um gestor que tem apresentado resultados positivos em um estado tão complexo como São Paulo é um sinal claro da preocupação com o surgimento de novas lideranças de centro-direita. Tarcísio de Freitas, com sua abordagem pragmática e foco em gestão, representa uma ameaça ao projeto hegemônico da esquerda, e é natural que se torne alvo. Contudo, a história política brasileira mostra que essas tentativas de “esvaziamento” muitas vezes geram o efeito contrário, solidificando a imagem do opositor como vítima de perseguição política, impulsionando ainda mais sua visibilidade e apoio popular. A verdadeira fortaleza da oposição reside na apresentação de soluções concretas e na demonstração de competência administrativa, pilares que sustentam a confiança do eleitorado.
O judiciário e o foro privilegiado: uma escalada de privilégios?
No âmbito do Poder Judiciário, a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de pautar um julgamento que pode ampliar o foro privilegiado, acende um alerta sobre a constante busca por privilégios em detrimento da igualdade perante a lei. A ampliação do foro especial por prerrogativa de função, historicamente concebido para proteger o cargo e não a pessoa, é um tema que sempre gerou controvérsia e é frequentemente visto como uma brecha para a impunidade. Para o cidadão comum, que não desfruta de tal benefício, essa medida representa um distanciamento do princípio de que todos são iguais perante a lei, minando a confiança nas instituições. A direita sempre defendeu a desburocratização e a simplificação do sistema jurídico, buscando mais agilidade e equidade, não a criação de mais camadas de proteção para a classe política. O fortalecimento do Judiciário deve vir acompanhado de transparência e da eliminação de privilégios que fragilizam a justiça, e não da sua expansão.
A “paz” de Lula e a polarização persistente
Por fim, as declarações do presidente Lula sobre uma espécie de “acordo de paz” com o ex-presidente Jair Bolsonaro, alegando não guardar mágoas, podem ser interpretadas de diversas formas. Em um país profundamente polarizado, um gesto de aparente conciliação poderia ser bem-vindo, mas a cautela é necessária. A retórica de “paz” pode ser uma estratégia para desmobilizar a oposição ou, ainda, tentar deslegitimar a figura de Bolsonaro como líder da direita, apresentando-o como um passado a ser superado. Historicamente, figuras populistas usam a conciliação retórica para consolidar poder. A verdadeira pacificação virá não de acordos entre cúpulas, mas da recuperação da economia, da melhoria da segurança pública e da garantia da liberdade individual, com respeito às instituições e à diversidade de pensamento. A direita brasileira, que se forjou em torno de princípios conservadores e de defesa da liberdade, precisa estar atenta para não cair em armadilhas de um aparente armistício, mantendo-se firme na defesa de seus ideais e na fiscalização constante do poder.
Fonte: Coluna de opinião – Notícia SC
