A disputa pela vaga do Quinto Constitucional destinada à advocacia no Tribunal de Justiça de Santa Catarina acabou se tornando um dos episódios mais comentados nos bastidores políticos do Estado. A derrota do deputado Ivan Naatz, dada sua intensa investida pública e de articulação, gerou repercussões amplas — não apenas dentro da OAB/SC, mas também na Assembleia Legislativa e no próprio Executivo.
O histórico de enfrentamentos do deputado, marcado por embates duros e por um estilo político frequentemente percebido como agressivo, acabou pesando contra ele no momento decisivo. Em disputas como a do Quinto Constitucional, em que o processo envolve não apenas votação, mas também avaliação de perfil institucional, relacionamento e capacidade de diálogo, a maneira como um candidato é visto pelos diferentes atores costuma ser determinante. Assim, um comportamento considerado hostil ou prepotente ao longo da trajetória pública inevitavelmente influencia percepções e votos.
Nos bastidores, também chamou atenção a intensidade das articulações políticas. A tentativa de envolver outros parlamentares como apoiadores, oferecendo bases eleitorais ou mobilização política em troca de pressão sobre o governador para apoiá-lo, acabou sendo interpretada por alguns como uma estratégia arriscada. Em vez de fortalecer sua posição, essa movimentação teria contribuído para aumentar resistências, especialmente porque o processo do Quinto Constitucional tradicionalmente exige discrição e sobriedade.
Com o desfecho desfavorável, surge ainda outro efeito colateral: o impacto sobre sua própria trajetória política na ALESC. Ao se lançar com tanta ênfase para a vaga de desembargador, o deputado transmitiu a mensagem — implícita, mas evidente — de que buscava deixar o Parlamento. Isso naturalmente levanta dúvidas sobre seus planos futuros e pode comprometer a viabilidade de uma nova candidatura à reeleição. Em política, quando um parlamentar demonstra publicamente que almeja outro cargo e não consegue obtê-lo, o retorno ao jogo eleitoral costuma ser mais difícil, pois adversários e até aliados passam a questionar sua permanência e seu real compromisso com o mandato.
No fim, a busca intensa de Ivan Naatz pela vaga no TJ/SC não apenas terminou em derrota na disputa judicial, mas também abriu um flanco político: o de ter exposto uma vontade de saída que agora pode pesar contra ele caso decida disputar um terceiro mandato consecutivo na Assembleia.


